Embora tenha voltado com o discurso, sem provas, de que as urnas eletrônicas teriam vulnerabilidades, Jair Bolsonaro será obrigado a aceitar eventual derrota daqui a oito meses, no pleito de outubro. A constatação é do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, que passará o bastão do comando do tribunal no dia 22 de fevereiro para seu colega Edson Fachin, encerrando um dos momentos mais tensos da história do órgão. Até agora, pelo menos.
“Se ele (Bolsonaro) ganhar, os que perderem têm de respeitar a vitória dele. Se ele perder, derrotados têm de respeitar a vitória dos vencedores. A democracia significa que quem perde hoje pode tentar ganhar amanhã e quem ganha hoje pode perder amanhã. Portanto, essa história de que se perder houve fraude não combina com democracia”, afirmou Barroso.
Em entrevista à coluna, o presidente do TSE contou bastidores do período de ataques por que passou, em que teve de defender a confiabilidade das urnas e lidar com agressões diversas do presidente. Disse não ter se deixado afetar por Bolsonaro.
“Há pessoas que são desencontradas espiritualmente. Como regra geral, eu não dou a elas o poder de mudar minha natureza”, assinalou.
O ministro afirmou não ter expectativa de que o Itamaraty ajude no contato com o Telegram, plataforma que sequer responde às notificações do TSE. Na Alemanha, país em que a pressão fez o aplicativo banir 64 canais de extremistas na semana passada, a atuação do Poder Executivo foi determinante. Sobre um eventual bloqueio no Brasil, Barroso pontuou que o TSE só atuará se provocado.
Informações Metrópoles DF