Um novo documentário sobre o assassinato da juíza Patrícia Acioli está gerando grande comoção, principalmente por ter sido filmado no mesmo local onde o crime ocorreu, com a participação de atores e utilizando um carro idêntico ao que a magistrada estava no momento do atentado.
A reprodução da cena do assassinato, que foi feita com base nos relatos do delator responsável pela maioria dos disparos, teve um forte impacto emocional sobre todos os envolvidos na produção. “Reproduzir a cena da morte de Patrícia, com as mesmas características descritas pelo delator que efetuou a maioria dos disparos, no mesmo local do crime, foi um baque emocional muito grande. Esse documentário tem sido uma catarse, não só para mim, mas para todos que entrevistamos”, relatou o diretor da produção.
**Crimes conexos**
Além de abordar o assassinato da juíza, o longa também traz reproduções de alguns homicídios ocorridos em São Gonçalo, crimes esses que estavam sob a jurisdição da 4ª Vara Criminal, onde Patrícia Acioli atuava. Esses casos foram solucionados, e os autores dos crimes foram presos. As cenas reconstituídas foram baseadas nos depoimentos que constam nos processos judiciais. Um dos casos retratados é a execução de dois jovens, que, apesar de não terem envolvimento com o crime, tiveram suas mortes registradas na delegacia como autos de resistência. As mães dos jovens, inconformadas, procuraram a juíza Patrícia Acioli, que, juntamente com elas, desvendou a farsa.
**A juíza do povo**
São Gonçalo, uma das cidades mais violentas do estado do Rio de Janeiro, registrava uma média de dois assassinatos por dia. No entanto, a redução e elucidação desses crimes só foi possível graças ao trabalho conjunto de Patrícia Acioli com a Polícia Civil e o Ministério Público de São Gonçalo. Na época, os índices de homicídios na cidade chegaram a zerar.
Paulo Roberto Mello Cunha, promotor em São Gonçalo que trabalhou por muitos anos com Patrícia Acioli, destacou a dedicação da magistrada. “Se chegasse o último dos desvalidos e dissesse ‘quero falar com a juíza’, Patrícia parava tudo e o atendia”, lembra o promotor. “Tanto que o enterro de Patrícia foi a maior comoção. Havia muitos moradores de São Gonçalo, pessoas comuns. Uma delas, uma mulher, chegou para mim e disse ‘doutor, mataram a juíza do povo’. Isso diz muito sobre a atuação de Patrícia”, recorda ele, emocionado.
**Policiais condenados**
Os 11 policiais militares envolvidos no assassinato da juíza Patrícia Acioli foram condenados e estão presos. Dos 11, nove eram praças e foram expulsos da Polícia Militar pouco tempo após serem julgados. Já o então tenente-coronel Cláudio Oliveira, apontado como mandante do crime, só foi expulso da corporação em 2023.
O tenente Daniel Benitez, que atirou na magistrada, foi expulso este ano. Durante o período em que permaneceram na PM, ambos continuaram a receber salários, mesmo após terem sido condenados.