“Tiraram toda a minha alegria. Uma mulher tem o direito de beber, usar a roupa que quiser e se divertir sem ser violada. Sou a vítima e não a culpada. Vergonha deve sentir quem me agrediu.” O recado emocionado foi uma forma da influencer Franciane Andrade, de 23 anos, protestar contra o estupro que sofreu durante uma das festas do peão mais tradicionais do Brasil, a Jaguariúna Rodeo Festival, no interior de São Paulo, em novembro.
A jovem conta que foi desacreditada nas delegacias em que buscou ajuda e só conseguiu confirmar a agressão após fazer exames particulares de corpo de delito e intoxicação toxicológica, que comprovou que ela foi dopada com a droga conhecida como “boa noite, Cinderela”. “Fui vítima e tratada como culpada até o Instituto Médico Legal validar meu corpo de delito, confirmando o estupro. O laudo indica que tive lesões muito graves”, desabafou a moça durante entrevista no programa Encontro com Fátima Bernardes nesta quinta (9/12).
Das lembranças do evento, Franciane recorda que colocou uma pulseirinha e uma máscara fornecida pelo evento e seguiu para o espaço do camarote, que custou R$ 700.
“A gente paga para ter mais segurança, mas não foi isso. Subimos para o camarote diretamente, e eu já estava gravando stories, super animada. Desci para pista premium para ficar de frente para o palco e gravar melhor. Eu estava curtindo o show, super feliz, animada e, depois, eu não lembro de mais nada”, relatou.
O avanço no caso só aconteceu depois que Franciane recebeu apoio dos pais e do grupo Justiceiras, que oferece assistência jurídica à jovem e a mais uma vítima que denunciou abuso sexual na festa. “Com certeza há mais vítimas, e é a hora de denunciar. Graças a Deus meus pais não me condenaram, pelo contrário, me deram todo o apoio que eu precisei. Me levaram para a UPA da região, decidiram buscar ajuda particular quando viram que a polícia não deu atenção e estão comigo o tempo todo”, contou.
Outro apelo feito por Franciane é para que a organização da festa entregue à polícia as imagens das câmeras de segurança, que poderão identificar o momento em que ela foi dopada ou quando foi abordada pelo agressor. “Umas advogada da festa me procurou querendo provas da acusação e me ofereceu psicólogo. Queria mesmo que eles dessem as imagens das câmeras”, reclamou. Metrópoles