Ao menos 91 indígenas morreram no ano passado, em meio à pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), sem qualquer assistência médica, revelam dados da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde.
Trata-se, porém, de um número preliminar, que pode ser alterado. Além disso, não inclui registros de óbitos que ocorreram em 2021. Ou seja, mais indígenas podem ter morrido durante a pandemia da Covid-19 sem terem sido assistidos por um profissional de saúde.
Essa informação foi enviada pela Sesai à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, que apura ações e omissões do governo federal durante a pandemia. Os documentos foram acessados pelo Metrópoles.
Óbito sem assistência médica” é uma categoria (R98) específica de identificação na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, décima revisão (CID-10).
Na prática, o quadro também dificulta a identificação do estado de saúde da população, uma vez que, ao menos em um primeiro momento, não é possível determinar o motivo da morte devido à ausência do médico enquanto a pessoa estava doente. A causa do óbito só poderá ser esclarecida após investigação que leva até 120 dias para ser finalizada.
O número registrado em 2020 de indígenas mortos sem assistência médica foi o menor, em termos absolutos, desde ao menos 2010, segundo dados enviados pelo Ministério da Saúde ao Metrópoles, em complemento à CPI.
O Ministério da Saúde informa que de 2010 a 2020 foram registradas 1.222 mortes de indígenas, sem assistência médica no país, sendo:
oordenador do Comitê Nacional pela Vida e Memória Indígena da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Eriki Paiva Terena aponta, além da falta de assistência, para um atendimento defeituoso feito pelo Ministério da Saúde. Fonte Metrópoles